março 31, 2009

A Contra-pressão

Santos Silva, o brilhante ponta de lança da selecção que gosta de malhar indiscriminadamente à esquerda e à direita, desafiou o Sindicato dos Magistrados do Ministério Publico (SMMP) a concluir as acusações de pressões governativas. Segundo o ilustre governante, “O SMMP está a usar a palavra pressão como tentativa de condicionamento ilegítimo, eventualmente até de natureza criminosa”.

O estilo caceteiro dos poderes instalados não confere credibilidade a mais este bater de peito e ranger de dentes da virgem ofendida. Ainda mais porque, pelo historial do SMMP, seria um caso inédito. Não creio que haverá resposta à provocação para já, pelo menos até ao encontro com Cavaco Silva, que inevitavelmente irá apaziguar ânimos. É uma pena, pois o melhor seria que houvesse mesmo essa conclusão, com a divulgação pública dos métodos torpes de quem em vez de nos governar, se anda a preocupar em proteger as suas iniquidades.

De momento, a certeza que fica: Quem estará o SMMP a tentar condicionar de forma ilegítima (e eventualmente até de forma criminosa)? Quem os anda a condicionar, evidentemente! Na concepção do Ministro dos Assuntos Parlamentares, ironicamente, o condicionamento dos condicionadores é ilegítimo, e eventualmente criminoso.

Será preciso julgamento para esta lógica?

O que dizer?

O novo presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, João Palma, vai pedir uma audiência de urgência ao presidente da República Cavaco Silva. O que motiva tal urgência nessa reunião? As pressões de que o Ministério Público (alegadamente) tem sido alvo por parte do “poder político” e “hierarquia” para arquivar o escândalo mais recente envolvendo altos executivos da Nação. Mais, tal surge aparentemente saltando por cima do Procurador-Geral da República, o que obviamente o inclui nas pressões para arquivar o processo.

Relembremos por um momento em que condições foi eleito o actual PGR.

Fazendo jus à máxima infame de Jorge Coelho - “Quem se mete com o PS leva” – o anterior PGR caiu em desgraça após o caso da Casa Pia. Foi o primeiro PGR na história que não teve direito a uma saída honrosa do cargo, antes uma despromoção vergonhosa e humilhante – evitada com a solidariedade de colegas do Ministério Público que abdicaram para que pudesse ser promovido para Juiz Desembargador.

O actual governo - que propõe o actual PGR ao PR – tem sido acossado por sucessivos casos raiando o escândalo, tem merecido ampla cobertura do PR e PGR, e aparentemente volta a merecer a protecção hierárquica. Pinto Monteiro, que tem caracterizado a sua magistratura pelo confronto com a sua própria estrutura – relembremos a polémica na praça pública com o MP do Porto, apenas o caso mais emblemático na comunicação social – volta a entrar em conflito com os seus próprios subordinados. Mas merece a confiança do governo que o nomeou. O seu diapasão, infalivelmente afinado pela musica do regime, volta a ser o chapéu de chuva que permite que o nosso Primeiro Ministro tente passar por entre as gotas sem se molhar.

A solidariedade manifestada pelos Magistrados do Ministério Público aquando da saída de Souto Moura demonstra que ele não seria tão mau como foi vendido à opinião pública, da mesma forma que o apelo dos Magistrados directamente ao Presidente da República (passando por cima do PGR) demonstra o real papel que Pinto Monteiro tem tido no enfraquecimento do sistema Judicial Português.

As leis do nosso governo são reconhecidamente más, com o maior número de rectificações da história. A reforma do sistema penal comprova um retrocesso no combate ao crime sem paralelo, com obstáculos nunca antes vistos à investigação e punição da alta criminalidade. Criam-se equipas especiais para investigar os casos mais mediáticos, que produzem acusações que caem em primeira instancia tais as debilidades. Perante esta realidade, promovem-se recursos por obrigação hierárquica (emanados pelo punho do PGR), de modo a evadir responsabilidades próprias.

Tudo isto é podre.

Num momento em que as grandes estruturas do país se encontram dominadas pelo PS – Procuradoria Geral da República, Tribunal Constitucional, Tribunal de Contas, Sistema de Segurança da República (este directamente pelo próprio José Sócrates) – em que as prioridades de investigação são priotirizadas por decreto-lei (pelo governo, portanto), e em que se assiste à mais violenta batalha pelo cargo de Provedor de Justiça (garante de não instrumentalização do sistema judicial), agora já nem se tenta esboçar uma pesquisa pela descoberta da verdade para o povo ver. Ou melhor, quando se tenta, importa barrar as investigações!

Pela minha parte, não quero saber se o crime prescreveu ou não. Quero saber, isso sim, se houve corrupção ou não, e que papel é que o nosso Primeiro Ministro é que teve no assunto.

É inaceitável que toda esta história se desenrole sem que se questione a capacidade de manter um governo nestas condições. Importa pensar se, em condições semelhantes, Pedro Santana Lopes teria sobrevivido a um caso semelhante?

Este ano surgirá a oportunidade de avaliar e corrigir o que se passa com este país. Para mim torna-se claro que, mesmo sendo qualquer alternativa sofrível relativamente à presente solução governativa, qualquer que ela seja será melhor que a existente. Mas, na realidade, o governo chegar às eleições é já profundamente repugnante.

março 20, 2009

Não fosse a careca…

… Diria que a nossa Ministra da Educação anda outra vez a visitar escolas…

Conseguirá Jesualdo o que Mourinho não conseguiu?

O Futebol Clube do Porto, mais ilustre (embora nem todos concordem comigo) representante do futebol indígena, enfrontará o Manchester United nos quartos de final da Liga dos Campeões.

O Inter de Milão não os conseguiu eliminar… Conseguirá o Porto? Tenho as minhas ideias sobre o assunto, mas não digo…

O fait divers do dia

A Antena 1 decidiu num novo spot publicitário fazer menção à frequência com que ultimamente se têm organizado manifestações. Saltaram logo as prima-donas ofendidas à esquerda e ligadas ao movimento sindical, gritando horrores e insinuando campanhas negras.

Diga-se em abono de verdade que o anúncio apresenta de facto uma mensagem que pode ser entendida como pouco tolerante para com outros cidadãos, que teoricamente estão a exercer um seu direito, que é o de se manifestar. Mesmo que a visão retratada seja comum à maioria de nós cidadãos “do privado”, que não se manifestam (porque o direito à manifestação e à greve é basicamente uma utopia no privado), não é bonito vê-la veiculada na comunicação social.

No entanto, o destaque dado ao anúncio parece-me que apenas vai dar importância a algo que manifestamente não a tem. Está visto que vai haver muito barulho, acusações de parte a parte no plano político, e toda esta discussão vai tornar-se estéril e desviar os olhos dos problemas que de facto afectam este país.

Estou um farto de andar a ser enganado por todos. Não querendo fazer apologias, o facto é que só posso concordar que ultimamente temos vivido num imenso espectáculo mediático em que tudo não é o que parece e somos confrontados diariamente com minudências que pouco ou nada relevam para o nosso futuro enquanto sociedade.

Tenho poucas esperanças que as coisas se alterem significativamente no futuro próximo. À esquerda e à direita, todos parecem mais interessados em perpetuar populismos demagogos. Faço no entanto, um apelo sincero aos políticos e politiqueiros deste país: tratem de melhorar a vossa actuação! É que assim torna-se demais de aturar! Já não se pode com o arrancar de cabelos e bater no peito cada vez que algo não vai no vosso favor! Sejamos crescidinhos, e saibamos apresentar as nossas ideias com elevação e dignidade… Que tal?

março 10, 2009

O estado da Nação

Mais uma vez, o aviso é dado por Medina Carreira: O País necessita de uma intervenção profunda que altere os paradigmas da nossa sociedade.

Pela minha parte, aplaudo o aviso, coloco-me em linha no apoio à mudança.

Para quem não viu, deixo o video!

Como diria o outro: Já agora... Vale a pena pensar nisto!