dezembro 12, 2009

Mais um fogacho na Justiça


(Imagem retirada de aqui)

O caso do Apito Dourado dispensará por certo grandes apresentações.

A ascensão fulgurante do FCP no panorama futebolístico nacional foi acompanhada de um clima de suspeição sobre os métodos sobre os quais tal proeza tenha sido assente.

Finalmente, o wishful thinking de quem veria na pujança de um clube que soube adaptar-se às exigências do futebol empresarial deste século XXI não uma prova de profissionalismo, exigência e rigor, mas sim o recurso a manobras sujas e desleais, teria sido consubstanciada em factos aparentemente indesmentíveis.

Exigiram-se cabeças no cadafalso. Retiraram-se pontos ao clube envolvido, suspendeu-se o seu presidente, afinal, os grandes facínoras da verdade desportiva indígena. A legalidade de tais punições, essa, nunca ficou cabalmente estabelecida, pois apoiava-se em meios de prova mal estabelecidos, e em práticas jurídicas pouco consistentes.

Os condenados conformaram-se com as decisões. Afinal, as punições eram irrelevantes - o clube, que detinha larga vantagem pontual sobre os demais adversários, mesmo com a punição, viria a sagrar-se campeão; o presidente, por seu lado, considerou o superior interesse da instituição que presidia.

Passada essa fase, passou-se para a Justiça do Estado.

Aqui, a análise do caso não foi conforme o clamor das massas sedentas de sangue, tendo a investigação sido arquivada pelo MP do DIAP-Porto, considerando a inexistência de provas.

Escândalo nacional. Acusações de proximidade entre o MP e o FCP.  Lutas intestinas no seio do MP (também aqui, na sequência do caso "noite branca"). No final, a constituição da Equipa de Coordenação do Processo Apito Dourado, liderado por Maria José Morgado, recupera a essência dos processos anteriormente arquivados, e vai a julgamento. O mal estado no seio do MP gera conflitos e responsáveis batem a porta.

Mas agora, já é uma questão de honra. A condenação dos envolvidos é agora uma obrigação do MP, ao arrepio da consistência da mesma. É uma caça às bruxas.

É sem surpresa que, feitas as contas, tudo isto tenha dado em nada. Uma por uma, as acusações proferidas caem podres no chão. E culminam em mais uma absolvição, de que viemos a tomar conhecimento ontem.

Afinal, tanta comoção, tanto escândalo, e o resultado é... Nada!

No balanço final, ninguém fica a ganhar, mas uns perdem mais.

Da suspeição que se instalou, já não haverá volta a dar. O bom nome dos acusados está irremediavelmente comprometido - apesar da ilibação clara e inequívoca.

Mas a pior fotografia do caso é a do MP - cuja actuação na investigação pareceu a certo momento ser mais a de uma campanha de ódio em vez de profissional. Os resultados da ECPAD sendo nulos, permitem concluir terem sido acertadas as decisões tomadas inicialmente pelo DIAP-Porto. Tudo à custa da serenidade que deveria haver, e - convém lembrar - do bolso dos contribuintes.

Com este tipo de administração da Justiça, o país não pode avançar. Saibam, portanto, punir-se os responsáveis por este fracasso flagrante e pouco dignificante.

Para que o chão onde estas acusações caíram de podres não fique estéril para sempre.