fevereiro 24, 2009

O colapso do neoliberalismo

A proposito da crise, muito se tem falado do colapso do modelo economico denominado neoliberal.

Nao sendo eu proprio um economista - antes mais um treinador de bancada que manda umas bitaitadas de vez em quando - devo no entanto dizer que me faz imensa confusao o regozijo mal dissimulado com que algumas pessoas propagandeiam o tao falado colapso aos sete ventos.

Pela parte que me toca, estamos todos aqui por um motivo muito claro e simples: falta de etica. A etica, que deve ser ensinada e assimilada por todos nos, e cada vez mais um bem escasso - mais escasso que o dinheiro que falta e provoca esta crise. Se todos os intervenientes sociais, nos Estados Unidos mas tambem por ca, nos mercados financeiros mas tambem no habitacional e outros, tivessem tido um pingo de etica, nao estariamos nesta situacao.

O fenomeno e mais intenso na Europa continental, onde o modelo social/socialista europeu arroga-se agora a uma superioridade moral falsa que nos e tao querida, perante os nossoa "aliados" americanos; mas acima de tudo e especialmente no nosso minusculo e cada vez mais irrelevante burgo.

A nivel das relacoes intercontinentais, parece-me que de facto deviamos era ter vergonha: a grande verdade e que nos ultimos 50 anos sempre andamos a reboque dos Estados Unidos da America! Sempre quisemos ser como eles - prova na insipiente conviccao com que fizemos valer os nossos pontos de vista das poucas vezes em que de facto divergimos. Os casos da guerra no Iraque (das duas vezes) e Afeganistao sao sintomaticos, mas principalmente a prisao de Guantanamo, em que a nossa defesa do TPI nao impediu que fechassemos os olhos aos voos e a um tribunal militar claramente ilegal e ao arrepio de todo o direito internacional. (A este respeito, nao tenho orgulho nenhum no coro de protestos dos nossos representante perante as noticias de torturas a seres humanos perpretadas pelos senhores do regime daquelas bandas...)

Por outro lado, parece-me evidente que os Estados Unidos da America sempre seguiram o seu caminho sem realmente se interessarem pelo que nos pensavamos do assunto; e assim espero que continue a acontecer... Como em todas as ocasioes, temos uma mao estendida: se quisermos aproveitar (a bem das relacoes transatlanticas), tudo bem; caso contrario, eles seguem o seu caminho sem nos. Disto nao tenhamos grandes duvidas.

Mas por ca o caso assume proporcoes de uma mesquinhez atroz e arrepiante. De facto, nao passa um dia em que nao leia uma opiniao publicada ou uma noticia directamente de uma qualquer personalidade que superiormente (sim!, superiormente, com o nariz apontado para os ceus e tudo!) nos diz como ha ja muito nos avisou para a desgraca iminente.

Todo o desprezo empregue pela ala esquerdista do nosso espectro nacional sobre a direita nao passa de uma arma de arremesso politico. A forma de fazer politica em Portugal segue a risca toda a nossa tradicao. De facto, toureia-se o adversario, espetando-lhe bandarilhas perante os "oles" dos comparsas, mas sem no entanto nunca partir para a estocada final do argumento frontal, que poderia o touro responder com justa e digna indignacao.

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