outubro 20, 2011

A matemática não mente

Um video cheio de verdades simples, que desafiam a nossa percepção do mundo. A não perder.

http://www.youtube.com/playlist?list=PL6A1FD147A45EF50D

outubro 03, 2011

As "verdades" que todos conhecemos

Fez furor, a entrevista do Senhor Rastani na BBC. Veio-se depois a saber que afinal o senhor Rastani nao era o especialista que a BBC apresentava, mas sim um investidor amador que foi convidado por engano pela TV a mandar umas bitaitadas em directo.

(O erro nao e o primeiro - nem sequer o segundo, o que nao abona muito a favor da credibilidade da BBC nos dias que correm...).

O problema, e que o senhor Rastani veio dizer para a TV aquilo que toda a gente "sabe". Finalmente, estava ali na televisao um especialista, que afirmava preto no banco e com a maior naturalidade o que toda a gente da como adquirido.

Face a descoberta que afinal o especialista de especialista nao teria nada, ficou a mensagem. Qualquer ataque ao mensageiro - afirmam-nos - e errado, pois nao contraria a mensagem.

Discordo em grande parte: se apresentaram o senhor Rastani como especialista, nao o sendo, seria o seu dever afirma-lo peremptoriamente antes de prosseguir. Feito essa ressalva, sim, claro, mandar a laracha e dar o seu melhor. Nao o fazendo, fere de morte a bondade da sua apreciacao, pelo que e criticavel. Mas parece que o apego a verdade nao e o forte do senhor Rastani...

Mas, mesmo que o mensageiro desapareca no eter em desgraca a verdade e que a mensagem permanece resplandecente como verdade imaculada. Assim, torna-se importante analisa-la pelo seu merito.

Nota previa (I): O que se segue nao vem de um especialista - nem a transcricao, nem os comentarios do senhor Rastani, nem a minha replica. Sou tao amador em termos economicos como ele. A diferenca, e que eu tentarei fundamentar os meus argumentos.


Nota previa (II): Como onde me encontro tenha bloqueado o streaming, nao posso ver a entrevista para analise. Assim, baseio-me na transcricao que obtive aqui.

Analisemos entao. Olhando para as transcricoes, podemos observar que o senhor Rastani comeca por dizer banalidades, passando para a asneirada com uma velocidade desconcertante.

As banalidades, obviamente, nao foram a causa da controversia:
  • Os mercados estao regidos actualmente pelo medo. Ouvimos isto todos os dias. Mas nada descreve tao eloquentemente este facto como um idice de volatilidade dos mercados como o VIX, por exemplo.
  • Os hedge funds nao acreditam na recuperacao da crise. Isto decorre da definicao de hedge fund. A base dos hedge funds e um mercado com tendencia descendente, ou pelo menos, em estado de crise.
  • Os investidores estao a mover o dinheiro para activos mais seguros. Com a volatilidade dos mercados financeiros (geridos pelo medo), os investidores viram-se naturalmente para activos mais estaveis. O corolario e o aumento do preco das commodities como os metais preciosos e materias primas (o ouro atinge precos historicamente altos, inclusivamente gerando dificuldades no sector da joalheria). Note-se que a partir do momento em que os mercados estabilizarem, o dinheiro e quase automativamente transferido de novo das commodities para os (bem mais rentaveis) mercados financeiros.
O que  realmente causou espanto no mundo e fama ao senhor Rastani foram tres afirmacoes:
  • Os traders nao querem saber do estado da economia nem dos planos do mundo politico. Nao duvido que o senhor Rastani acredite piamente nisto - alias, isso ajuda a explicar o sucesso modesto do seu investimento. Mas e evidente que um bom investidor, para reconhecer onde possam estar as boas oportunidades de investimento, necessita de conhecer tanto o estado da economia, como as decisoes do poder politico. Mas, caro leitor, nao confie no que digo, olhe para os dados Nao lhe sera dificil encontrar exemplos.
  • Os investidores sonham com uma depressao para ganhar dinheiro. E verdade que alguns investidores ganharam com a crise (como alguns ganham sempre com as desgracas dos outros). Mas nao tenhamos ilusoes: os investidores perderam muito dinheiro com a crise, tal como as empresas, e em consequencia, a economia mundial.
  • Os governos nao mandam no mundo, a Goldman Sachs manda no mundo. Por tudo o que disse atras, esta afirmacao nao pode estar correcta. A dimensao do erro desta ideia e eloquentemente descrita (por exemplo) aqui
Curiosamente, o proprio discurso auto-contradiz ("sonha com a recessao", mas "evita sonhar com a economia, pelos pesadelos"). No entanto, nao deixa de um conselhos de grande utilidade.

  • As pessoas devem proteger activamente os seus activos. Nao agir e um grande risco. Num contexto de grande incerteza, investir com cuidado os recursos disponiveis e, de facto um conselho especialmente sabio. Priveligiar aforro sobre  divida. E, muito importante, nao contar com rendimentos futuros. Continuar estilos de vida despesistas e arriscar o desastre.
Em jeito de conclusao, as "verdades" que todos conhecemos por vezes nao passam de pulsoes emocionais de racionalizar o nosso medo e a incerteza do mundo que nos rodeia. Convem, assim , correlacionar afirmacoes com factos, tentando manter uma analise fria dos acontecimentos. E preferir dar credito a quem fundamenta as suas opinioes, em detrimento de quem manda umas larachas insubstanciadas...

setembro 28, 2011

Crucifixos na Parede

Hoje, no Publico:

Judeu convicto, especialista em Direito Constitucional, Joseph Weiler defendeu perante o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos o direito de a Itália ter crucifixos nas paredes das escolas e o direito da França a não os ter.

"Se o Estado quer que a cruz esteja na parede, não é neutro. De certa maneira, é tomar uma posição sobre a importância do cristianismo na identidade do país. Ou seja, há algo na identidade do país que se quer valorizar com a cruz na parede e essa não é uma posição neutral.

Mas quando o Estado, como em França, proíbe a cruz, não está a ser neutro. Porque não há uma parede nua, vazia. Qualquer coisa pode ser colocada na parede: se amanhã houver uma maioria comunista, podem dizer que em todas as escolas tem que haver uma foice e um martelo."

 Era interessante que mais gente conseguisse ver o óbvio, a bem do progresso da humanidade e do respeito por todas as sensibilidades...

julho 11, 2011

As 10 razões da crise


Um livro que importa ler. Está tudo lá explicado, por A+B.

Como é que a coisa funciona, o que fizemos bem, mas principalmente os tremendos erros cometidos. Compreender o que está a acontecer é ler este livro.


PS: gostaria de saber se há alguma obra de valor disponível que contraponha o que se afirma neste livro. Se não, considero desde já a governação dos últimos 15 anos nada menos que criminosa. E podem considerar-me desde já um feroz neoliberal.

julho 09, 2011

Vale a pena pensar nisto

"O mais irónico é que os nossos intelectuais costumam desprezar o povo e a cultura nacional, quando o único grande defeito do país está precisamente na mediocridade das elites."
Joao Cesar das Neves

junho 24, 2011

Devaneio Neoliberal

"Se (as empresas) têm lucro, devem pagar" (Fernando Ruas, Presidente da Associação Nacionais dos Municípios Portugueses)

Uma pessoa monta uma empresa. Paga impostos. Compra matéria prima. Paga impostos. Transforma matéria prima. Paga impostos. Trabalha, paga imposto. Emprega, paga imposto. Consome, paga imposto. Vai vender, paga imposto. Recebe salário, paga imposto. Paga salário, paga imposto. Consegue vender, paga imposto.

Finalmente, se após tudo isto, ainda se atreve a ter lucro - Deus nos livre! - Paga imposto!

E depois admiram-se que todos precisam de ajuda do Estado para sobreviver...

junho 21, 2011

Accountability

Quem é o organismo responsável por verificar que as decisões de investimento no Estado são baseadas em cenários realistas?

Se eu quiser saber, estatísticamente, qual a percentagem de investimentos que geraram o retorno esperado, onde devo procurar?

Se eu quiser saber se determinado investimento foi alvo de algum estudo de viabilidade financeira, onde posso encontrar essa informação?

Tirando as noticias que vêm a público raramente acerca de negócios ruinosos vindas do Tribunal de Contas - que são autênticos escândalos que não podem passar impunes na sua grande maioria - ainda não vi em lado nenhum debatida a qualidade desses instrumentos que são cruciais nas decisões desses investimentos.

Lembro-me disto a propósito das famosas SCUT's que foram contruídas por esse país fora, e que agora trocaram os carros que nelas transitavam por pórticos de pagamento inamovíveis. O que será que correu mal ali?

Eu compreendo que se o Estado queira convencer os privados a construír (isto é, a pagar a construção) as infra-estruturas que o país precisa, o mais natural seja a privatização do lucro e a nacionalização do risco.

Mas daí não decorre no meu ponto de vista que o modelo seja necessáriamente insustentável. Com certeza que terão sido feitos estudos que demonstravam a viabilidade dos projectos. Daí a minha pergunta: Perante o óbvio falhanço das projecções, quem é que investiga o que correu mal nestes casos?

Agradeço a quem possa esclarecer esta minha dúvida.

maio 22, 2011

Lu Li La



* Por restricoes de rede, nao posso verificar se o video acima funciona. Clicar no titulo devera em principio abrir uma nova janela com o video. As minhas desculpas.
** A traducao e minha. Tentei manter-me fiel ao espirito da musica, mais que fazer uma traducao palavra por palavra. Nao sendo um especialista de polaco, longe disso, fica no entanto o esforco.

Lu Li La


Był sobie pan
Co znał na pamięć
Bajek ze sto
Ja nie kłamię
Bajkami żył
Bajkami myślał
I w bajkach dom prawdziwy miał

Raz królem był
Raz nie miał cienia
Zawsze miał czas
Na marzenia
Robił co mógł
By nie dorosnąć
O dziecko w sobie bardzo dbał

Lu li la
Cicho chłopiec łka
Dziecko co w tobie tkwi
Lu la li
Dobrze sprawdź czy śpi
Lu li laj
Pewność miej
Nim zostawisz je

Był sobie pan
Co znał na pamięć
Bajek ze sto
Ja nie kłamię
Aż stanął przed
Dziurawym lustrem
I na dorosłych stronę wpadł

Lu li la
Cicho chłopiec łka
Dziecko co w tobie tkwi
Lu la li
Dobrze sprawdź czy śpi
Lu li laj
Pewność miej
Nim zostawisz je

Dzisiaj może
Nie żałujesz wcale
Ale nigdy
Nie będziesz płakał tak jak dziecko
Ani tak się śmiał

Lu li la
Cicho chłopiec łka
Dziecko co w tobie tkwi
Lu li la
Dobrze sprawdź czy śpi
Lu li laj
Pewność miej
Nim zostawisz je

Havia um Senhor
Que sabia de cor
Uma centena de contos de fadas
Não estou a mentir
Contos de fadas vivos
Fábulas de pensamento
Nas férias tinha contos reais

Era uma vez um rei
Uma vez que ele não tinha sombra
Ele tinha sempre tempo
Em sonhos
Ele fez o que pôde
Para eu não crescer
Uma criança muito amada

Lu li la
Calmamente o menino chora
A criança dentro de si
Lu la li
Verifique com cuidado como dorme
Li Lu lai
Tenha confiança
Antes de deixá-la

Houve um Senhor
Que sabia de cor
Uma centena de contos de fadas
Não estou a mentir
Até que parou diante
De um espelho espelho furado
E eu corri para o lado adulto

Lu li la
Calmamente o menino chora
A criança dentro de si
Lu la li
Verifique com cuidado como dorme
Li Lu laj
Tenha confiança
Antes de deixá-la

Hoje, talvez
(Não lamento de todo)
Mas nunca
Vai chorar como uma criança
Nem rir como uma

Lu li la
Calmamente o menino chora
A criança dentro de si
Lu li la
Verifique com cuidado como dorme
Li Lu laj
Tenha confiança
Antes de deixá-la

dezembro 31, 2010

The Battle of days

Everyday is a never ending battle. After yesterday's defeat, today a sounding victory. The enemy keeps charging, but only my arm(ie)s seem to be weaker and weaker...

dezembro 12, 2010

Gulodices

Acabo de chegar de Espanha, fui à zona raiana passear e comprar os óptimos caramelos com pinhões que por lá se vendem.

O merceeiro, todo sorridente vira-se para mim e pergunta "o que é que se passa em Portugal com o açúcar?".

"Qualquer coisa com a falta da cana de açúcar, andam a racionar", respondi eu, "porquê? Aqui não há falta de açúcar?"

"Aqui não, quer levar para la Navidad?"

"Já agora, ponha para aí 5kg."

Moral da história: De Espanha pode não vir nem bom vento nem bom casamento, mas vem excelente açúcar!... :-)

Já agora, porque é que para Portugal não há cana de açúcar mas em Espanha há fartura?...

outubro 23, 2010

A proposito de Portugal

Pensem no Orcamento de Estado. No caso das Farmacias. Nas intencoes de voto do Socrates. No ingles tecnico do nosso Primeiro. No seu curso de engenharia. Nos seus projectos da Guarda ou Covilha. Nas introducoes das portagens das SCUT. Nas manutencoes das portagens nas pontes. Nos concursos dos professores. No magalhaes. No estado da Justica. No estado da economia. Nos precos de combustiveis. Nos submarinos. Nas propinas da universidade. Nos blindados. Em Olivenca. No que quiserem.

Mentalizem-se do seguinte:

Em tudo, o Portugues assobia e olha para o lado. Finge nao ver. Mas, se e forcado a olhar olhos em frente para os problemas, revolta-se e faz muito barulho. Ate que o deixem olhar para o lado assobiando, de volta ao seu mundo tranquilo de doce ilusao inerte...

Somos cobardes. Ridiculos. Risiveis.

Uma idiotice humana e sociologica com 8 seculos.

outubro 11, 2010

Estratégia Comercial

Tenho um bem essencial X que pretendo por no mercado.

Fiz uma análise de mercado, e cheguei a conclusão que se vender o produto por A euros, terei N pessoas a comprar. Aumentando o preço 2%, o número de pessoas a comprar reduz-se 0.2% (ou menos).

Aumentando o preço, haverá contestação e ranger de dentes, mas um comunicado a relembrar a difícil situação internacional deverá acalmar os ânimos. Além disso, o aumento que estou a considerar está em linha com o que fazem os colegas da concorrência.O "mercado livre" justifica esta minha medida, e é sancionado pelo Estado, que arrecada com os impostos sobre as minhas vendas...

Qual será a melhor estratégia comercial para o meu produto?

abril 22, 2010

Reflexão sobre a taxação à riqueza e RSI



"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade.
  Por cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber.
O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém.
Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.  
É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."

Faz o seu sentido...

abril 19, 2010

Globalização

Comprei um rolo fotográfico Kodak Colorplus 200 numa loja de fotografia. Olhando para o rótulo, vejo que o rolo que tenho na mão foi feito nos Estados Unidos da América, "acabado" (imagino que signifique "embalado") no México, e importado para o Brasil ou Polónia.

Observando as mesmas informações noutro rolo Fujifilm Superia X-tra 400 comprado na mesma loja, posso observar que o mesmo foi feito no Japão, e importado para a Lituânia ou Polónia.

Portugal, não consta, pelo que não sei quem será o responsável a nível nacional pela introdução no mercado destes produtos (a loja talvez)...

Só espero que não tenham passado o rolo demasiadas vezes pelo raio x, e que a cinza vulcânica não bloqueie o abastecimento de rolos fotográficos...

Voando numa nuvem de cinza

Após 3 dias de interdição da maioria do espaço aéreo europeu, e depois de prejuízos avultados, as companhias aéreas decidiram fazer, num acto de desespero, fazer testes para convencer a opinião pública de que voar não seria perigoso. De facto, em consequência da pressão das associações do sector, vem a decisão que os voos poderão retornar, apesar da nuvem de cinza vulcânica permanecer sobre os céus da Europa.

É uma decisão que só pode ser entendida pelos elevados prejuizos que as companhias (e economias) têm andado a suportar. Quando começa a pesar no bolso, a segurança de bens e pessoas torna-se menos essencial, e o risco a suportar é bem maior...

Para quem não sabe o que significa voar numa nuvem de cinza, ver o exemplo seguinte, do voo da British Airways numero 9, em 24 de Junho de 1982.

A cada qual suas conclusões...