junho 12, 2009

Israel

Vale a pena conhecer a história de Ezra Nawi, um israelita militante pelos direitos humanos. A história dele é narrada na edição do Público de hoje (e pode ser conhecida também aqui). Ezra foi preso no dia 14 de Fevereiro de 2007, enquanto tentava inutilmente impedir a demolição de uma casa (a denominação empresta alguma dignidade a uma construção que não é mais que uma barraca) de palestinianos na região de Hebron, e foi condenado por alegadamente ter agredido um soldado israelita no decurso da acção de protesto, arriscando pena de prisão. Os factos, filmados e disponibilizados pelo youtube, não mostram a agressão ao soldado, antes pelo contrário, evidenciam uma acção de protesto pacífica.



Nesta parte do mundo, há muito que a comunidade internacional escolhe fechar os olhos a situações como estas. Num país que foi gerado na consequência do horror terrorista do 3º Reich, o domínio cada vez mais acentuado da extrema direita apenas pode ser motivo de preocupação.

É evidente que Israel perde a aura de pequeno estado oprimido perante as potências árabes que o rodeiam. Pelo contrário, Israel é hoje uma criança mimada - um pequeno ditador - que usa a protecção dos Estados Unidos para oprimir impunemente populações desprotegidas.

As poucas organizações que lutam contra esta opressão, começaram a fornecer aos palestinianos câmaras de filmar, na tentativa que as imagens mobilizem a opinião pública internacional. O resultado, no entanto, é ainda incipiente.

O terrorismo de estado israelita tem obviamente cobertura pelo imenso e grande lobby judaico - americano, mas também europeu. No entanto, pode-se dizer também que todos nós enquanto opinião pública temos a culpa do estado a que as coisas chegaram. Após décadas de vermos nas televisões as agressões que a imensa mole palestiniana sofre, quando é que nos indignámos realmente a ponto de fazer - ou exigir que se fizesse - algo?

O facto é que, a acção dos nossos responsáveis está - e esteve - em linha com as nossas próprias. Se todo o mundo condenou a recente guerra na faixa de Gaza, nenhum político se terá sentido suficientemente pressionado pela sua população para erguer uma barreira efectiva que protegesse os palestinianos das bombas de fósforo israelitas.

(Note-se aqui, o intenso contraste com as guerras dos Balcãs, em que a NATO correu a proteger populações Bósnias e Kosovares dos pérfidos Sérvios - estes últimos ironicamente aliados da poderosa Rússia.)

O que separa realmente a questão Palestiniana da questão Kosovar? No limite, não poderia ser empregue uma solução semelhante, de reconhecimento internacional de um Estado independente, mesmo sem o acordo de uma das partes?

Tenho a noção da dificuldade particular da fronteira entre Israel e Palestina ser uma entidade mais maleável que rígida, e de haver as questões das zonas ocupadas e dos refugiados. Nesse sentido, parece-me correcta a abordagem de Obama, que exige pura e simplesmente a cessação dos colonatos.

Tal indica que o Big Brother Americano (no sentido de irmão mais velho e protector) poderá estar finalmente a cansar-se das tropelias do rebelde Little Brother, e prepara-se para exigir das partes as responsabilidades que lhes são devidas.

Oxalá!...

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