É uma tragédia de dimensões colossais.
Pergunto-me, então, como foi possível chegar a este ponto? Como foram possíveis anos consecutivos de investimento colossal num negócio sem viabilidade e desfazado claramente da realidade?
Sim, porque não foi ontem que as marcas asiáticas (principalmente, com a Toyota no leme) e europeias começaram a demonstrar eloquentemente os pontos fracos da indústria automóvel americana - carros mastodontes, gastadores de gasolina como nenhuns outros, de fraca qualidade e design duvidoso e, acima de tudo, inseguros.
E, se fora da esfera de influência dos Estados Unidos, as vendas sempre foram paupérrimas, também não é já de ontem que o ultra-nacionalista mercado americano se rendeu às evidências que o carro "estrangeiro" apresentava predicados ímbatíveis para a indústria ianque.
Então, pergunta-se, de quem é a culpa? Das políticas corporativas da empresa? Certamente que sim. Dos irresponsáveis de Wall Street? Parece claro.
Mas, neste caso como em muitos outros, quer-me parecer que também os trabalhadores - e os sindicatos, nomeadamente - terão a sua quarta parte de culpa. Porque, isto de ser sindicalista, não pode ser apenas o de protestar contra o corte de postos de trabalho ou concessões nos direitos dos trabalhadores. Não pode ser só pedir menos horas de trabalho com melhores regalias salariais e sociais. Tem que ser também, apontar os problemas da empresa - principalmente quando se torna óbvio que o produto já não serve?
Não conheço exactamente o caso da actuação das sindicais na questão da GM, mas será que serviram bem os trabalhadores? Será que tudo o que podia ter sido feito o foi?
Milhares (milhões?) de pessoas irão sofrer as consequências de uma irresponsabilidade e de uma ilusão, cujo desfecho parecia evidente... E, essa evidência, não é de ontem...
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