Ao seu senhor ou, deveria antes dizer, ao seu paiAcho isto maravilhoso, divino... Em homenagem ao Abelardo e Heloisa, que no seculo XII assim viveram, do meu mosteiro reescrevo esta mensagem para ti, que es quem eu mais amo!
Ao seu esposo, ou deveria dizer, ao seu irmao
Da sua serva, ou deveria antes dizer, da sua filha
Da sua esposa, ou deveria antes dizer, da sua irma
Ao Abelardo, da Heloisa
Se Augusto o senhor do universo, me tivesse julgado digna de ser sua esposa, eu teria achado mais requintado porder ser chamada tua puta que sua imperatriz.
Que rei, que filosofo poderia igualar a tua fama? Que cidade nao ferveria de excitacao para te ver? Toda a gente se precipitava e te procurava seguir com os olhos, de pescoco estendido, quando tu te mostravas em publico. Que mulher casada, que mulher por casar nao te desejaria na tua ausencia e nao arderia na tua presenca? Que rainha, que grande dama nao teria ciumes das minhas alegrias e do meu leito?
Tu possuis um dom que, em geral, falta completamente aos filosofos: sabes compor versos e canta-los. Deixaste numerosas cancoes, conhecidas mais universalmente do que os tratados dos sabias, pelos proprios iletrados. Gracas a elas, o povo conhece o teu nome. Como muitos desses versos cantavam os nossos amores, essas cancoes espalharam o meu nome, ao mesmo tempo que o teu, e desencadearam contra mim o ciume de muitas mulheres.
Aquelas volupias caras aos amantes que saboreamos juntos foram-me doces. Ainda hoje, nao as posso expulsar da memoria. Em plena liturgia, quando a oracao deve ser mais pura, abandono-me entao a elas. Suspiro pelos prazeres perdidos. Revivo-os...
Bem hajas!
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