Aqui está uma notícia interessante! O Presidente do Paraguai, Fernando Lugo - que abdicou da sua carreira episcopal para assumir a presidência do país - veio a público assumir a paternidade de uma criança de dois anos, resultado de uma relação que manteve enquanto era bispo.
Qual o significado disto? Relativamente ao próprio, não me parece justo que este facto por si venha a por em dúvida os méritos da obra do senhor quer enquanto sacerdote que enquanto Presidente de uma Nação.
Evidentemente, por outro lado, não é evidente que a manutenção de um relacionamento - para todos os efeitos, como dizer? - ílegítimo, em segredo de tudo e de todos, durante quantos anos não se sabe, poderá com mais legitimidade permitir duvidar dos méritos do senhor quanto à sua formação pessoal...
Pessoalmente, estranho que não tenha sentido a necessidade de assumir o caso - não o do filho, mas antes o da relação com a mãe - ad initium, e tenha esperado para ser "denunciado", para vir a terreiro público. Mas, deixo esse julgamento para quem de direito, ou seja, ele próprio, mãe e filho, os seus conterrâneos, e Deus.
Mas, acima de tudo, parece-me que este caso vem outra vez ensombrar a opção da igreja católica em insistir na obrigação de um suposto celibato no sacerdócio.
Evidentemente que considero que um sacerdote, guardião (suposto) de padrões éticos e morais, deve (tentar) levar uma vida recatada e acima de qualquer sombra de censura pública - e que, como tal, não posso advogar liberdade total. Mas, o problema que se põe é (ponho eu!), em que é que o serviço à comunidade fica benificiado pelo celibato ou não da pessoa que o presta?
Já tenho tido a discussão com várias pessoas - dentro e fora da igreja - e já ouvi a teologia que suporta este "dever" do sacerdote. No entanto, como se pode ver, quando se trata de pôr a teoria à pratica, aparentemente um dever que transparece como sendo rígido para a comunidade leiga, é interpretado de uma forma bem mais flexivel por quem jurou em compromisso de fé observá-lo. Por mim tudo bem, nada tenho a apontar, mas nesse caso não seria melhor pura e simplesmente deixar de exigir o celibato ao nosso clero? Evitar-se-iam estes casos que só envergonham todos os envolvidos, a sociedade, e a Santa Madre Igreja...
A questão, não é pacífica, e tem sido debatida na Igreja. Mas perante a recusa da Igreja em reconhecer a humanidade dos que a servem - com argumentos tão energéticos como inflexíveis - que causa uma sangria não despicienda à própria Igreja e prejudica o seu rebanho, não se vê como casos como o de hoje poderão ter um fim!
Não consta que tenha andado a escolher os solteiros por entre os seus Apóstolos... Pelo contrário, nas Igrejas Primordiais, o celibato era um conceito desconhecido... Tal como o é para as outras duas grandes religiões monoteístas, que, por muito que nos custe por vezes a admitir, gozam a mesma génese do Cristianismo.
O que teria Jesus pensado sobre o assunto?
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